Por que o mercado imobiliário resiste às tempestades

Mesmo em tempos de incerteza, o mercado imobiliário brasileiro se destaca por sua notável resiliência. Essa característica, que intriga muitos, não se baseia apenas em fundamentos econômicos, mas em uma profunda e quase sentimental relação que os brasileiros têm com o imóvel. Marcelo Hannud, em sua análise para o InfoMoney, explora como essa conexão cultural, somada a fatores comportamentais e à estrutura do próprio mercado, blinda o setor contra as tempestades.

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Mesmo em tempos de incerteza, o mercado imobiliário brasileiro se destaca por sua notável resiliência. Essa característica, que intriga muitos, não se baseia apenas em fundamentos econômicos, mas em uma profunda e quase sentimental relação que os brasileiros têm com o imóvel. Marcelo Hannud, em sua análise para o InfoMoney, explora como essa conexão cultural, somada a fatores comportamentais e à estrutura do próprio mercado, blinda o setor contra as tempestades.

O Imóvel como Porto Seguro Cultural e Patrimonial

A tradição ibérica de formação de patrimônio está enraizada na cultura brasileira. Em momentos de instabilidade política, inflação ou desemprego, o instinto primário é proteger o que se tem. Nesse cenário, o imóvel surge como a materialização mais concreta e tangível dessa proteção, oferecendo segurança emocional e racional em meio à volatilidade.

Embora o setor seja afetado por cenários desafiadores, como juros altos e desaceleração econômica, o impacto é historicamente atenuado. Em vez de uma retração drástica, o mercado imobiliário mantém sua dinâmica e, em nichos específicos, pode até prosperar.

Perfis de Compradores e o “Medo de Não Comprar Amanhã”

A estabilidade do mercado é mantida por diferentes perfis de compradores e investidores. O consumidor em busca de moradia que não depende de financiamento segue ativo. O investidor em busca de oportunidades age com agilidade, buscando ativos subvalorizados. Já o investidor de longo prazo continua suas aquisições pontuais para formação de patrimônio.

Um fator psicológico crucial é o “medo de não conseguir comprar amanhã o que se pode comprar hoje”. Diante da alta de preços de materiais, da inflação corroendo a moeda e do ajuste nos valores dos imóveis, muitos percebem que deixar o dinheiro parado pode ser mais arriscado do que adquirir um imóvel agora, mesmo com juros elevados. Esse “efeito de antecipação defensiva” sustenta o movimento do mercado.

Os Extremos Resilientes: Habitação Popular e Imóveis de Luxo

A resiliência se manifesta de forma mais acentuada nos dois extremos do setor:

  • Alto Padrão: Menos sensível ao crédito, esse segmento atrai um público com ciclos de mercado próprios. A aquisição para uso próprio é impulsionada pela convicção patrimonial, enquanto investidores buscam ganhos relevantes através de modelos de incorporação por permuta ou participação.
  • Habitação Popular: Opera em um ecossistema com crédito subsidiado, forte demanda estrutural e uma dinâmica relativamente independente do mercado financeiro tradicional. Seu maior risco é a estabilidade do emprego do comprador, não o preço do imóvel.

Além do Residencial: Galpões Logísticos e Novas Classes de Ativos

A resiliência do setor imobiliário vai além do segmento residencial. Os galpões logísticos são um exemplo notável, impulsionados pelo crescimento do e-commerce e pela demanda não suprida por ativos modernos e próximos aos centros urbanos. Há uma lacuna significativa no parque logístico brasileiro que sustenta seu crescimento mesmo em momentos de contração econômica.

Além disso, o surgimento de novas classes de ativos — como data centers, espaços de coworking, empreendimentos residenciais flexíveis e clubes de experiência — reflete mudanças de comportamento e exigências tecnológicas que vieram para ficar. Embora cenários turbulentos possam desacelerar essas mudanças, não conseguem freá-las.

Fundos Imobiliários (FIIs): Democratização e Oportunidade

Atento a esse cenário cultural e comportamental, o mercado financeiro assistiu ao crescimento de veículos estruturados como os Fundos Imobiliários (FIIs). Eles se tornaram uma alternativa eficiente e acessível para a diversificação patrimonial, democratizando o acesso a ativos antes restritos a grandes fortunas.

Mesmo com a volatilidade inerente ao mercado de capitais, os FIIs, após um ano desafiador como 2024, vêm recuperando fôlego. Sua solidez patrimonial e a força dos ativos imobiliários em suas carteiras os posicionam para retornar ao ponto de equilíbrio, oferecendo sempre boas oportunidades, mesmo em cenários adversos.

Ao reconhecer que o mercado imobiliário brasileiro é um reflexo de fundamentos econômicos, mas também de questões culturais, sociais e emocionais, abrimos portas para boas oportunidades. No Brasil, o imóvel continua a ser um instrumento de proteção, realização pessoal e investimento de longo prazo.

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